Com a chegada do mês de dezembro e o consequente aumento das temperaturas devido ao verão, as férias e festas de fim de ano, os cuidados com a exposição ao sol devem ser redobrados. E é justamente para incentivar essa proteção que a Sociedade Brasileira de Dermatologia realiza, anualmente, a Campanha “Dezembro Laranja”.
Os tumores da pele correspondem aos tipos de câncer mais comuns no Brasil e no mundo, com quase 180 mil casos novos diagnosticados em 2020, isso representa 27% dos tumores malignos diagnosticados no país, conforme estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Os tumores são divididos em dois grandes grupos: o melanoma (mais agressivo, porém menos frequente) e os não-melanoma (que correspondem a maioria, e, felizmente, apresentam comportamento menos agressivo).
Melanoma é um tumor que nasce de um tipo específico de células da pele chamadas melanócitos, responsáveis pela produção do pigmento que dá cor à pele (melanina), que, por sua vez, está envolvida na proteção dessa mesma pele contra os raios ultravioleta. No Brasil, são estimados quase 8.500 casos novos por ano de melanoma, com um discreto predomínio em mulheres e número maior de casos nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Habitualmente se manifesta em pessoas ao redor dos 60 anos, mas pode acometer indivíduos jovens.
Mesmo sendo mais agressivo, o melanoma possui altas taxas de cura, sobretudo se o diagnóstico é feito precocemente.

Câncer de pele não-melanoma são os tumores mais comuns no mundo todo, e, no Brasil, ocorrem em mais de 160 mil pessoas por ano, sobretudo acima dos 40 anos. Os tipos mais comuns são o carcinoma basocelular (quase 3⁄4 dos casos) e o carcinoma epidermoide (quase 1⁄4 dos casos), mas existem outros tipos mais raros (exemplo: Carcinoma de células de Merkel).
Usualmente, apresentam comportamento menos agressivo do que o melanoma, com menor chance de comprometer os gânglios regionais e de se espalhar para outros órgãos.

Uma série de fatores que se somam e contribuem para o risco. Dentre esses fatores, os principais são:

Fatores próprios

Pele clara, olhos claros, cabelos loiros ou ruivos, muitas pintas (principalmente para o melanoma), histórico pessoal ou na família de casos de câncer de pele, distúrbios da imunidade, como infecção pelo HIV ou uso de medicamentos imunossupressores (exemplo: naqueles que receberam transplantes de órgãos)

Fatores adquiridos ou ambientais - Exposição solar

Para o melanoma, o maior risco vem da exposição solar ocasional, causando queimaduras, sobretudo na infância, adolescência e começo da idade adulta.
Para o câncer de pele não-melanoma, a exposição crônica, acumulada ao longo da vida, e também relacionada ao envelhecimento, é a que resulta em maior risco.
Uso de câmaras de bronzeamento artificial (proibidas em todo o Brasil)

Ainda que a exposição solar seja o principal fator de risco ambiental, o melanoma pode surgir em áreas da pele não expostas ao sol, incluindo as palmas das mãos e plantas dos pés. Em alguns casos, os tumores de pele podem surgir em famílias portadoras de alterações no DNA que aumentam o risco de desenvolvimento de um câncer, as chamadas Síndromes Hereditárias. Nessas situações, pode-se encontrar muitos casos de câncer de pele ou outros tumores em familiares próximos, por vezes em idades precoces.
O diagnóstico do câncer de pele envolve a avaliação clínica por um médico, como um dermatologista ou cirurgião, e, na maioria das vezes, a realização de uma biópsia que deve ser avaliada por um médico patologista que define o diagnóstico de malignidade no material. É importante ressaltar que nenhuma lesão deve ser retirada de um paciente sem que haja a avaliação de biópsia por um patologista, mesmo as lesões que a princípio não apresentem suspeita de câncer.
Sinais de alerta como qualquer ferida na pele que não cicatriza, que apresenta crescimento rápido, que tenha ardência, sangramento ou alteração da sensibilidade, deve ser investigada.

Para o câncer de pele não-melanoma: lesões que não cicatrizam, que se manifestam como nódulos ou feridas, algumas vezes avermelhadas ou com proliferação de vasos sanguíneos, que apresentam sangramento ou que evoluem com crescimento progressivo merecem avaliação.

Existem diversas formas de prevenção. Como os tumores de pele usualmente levam anos até se desenvolverem, quanto mais cedo o início da prevenção, melhor.
- Usar protetor solar – recomenda-se uso de protetor com capacidade de bloquear tanto raios UVA quanto UVB, com fator de proteção (FPS) ao menos 30. O protetor deve ser aplicado antes do início da exposição solar e reaplicado periodicamente, ou após contato com a água ou suor.
- Usar métodos de barreira para evitar a exposição à radiação ultravioleta (roupas com proteção/ bonés ou chapéus/óculos/sombras).
- Evitar exposição nos horários de pico de insolação, entre 10h da manhã e 4h da tarde.
- Apenas realizar procedimentos médicos (estéticos) com profissionais certificados.

A maior parte dos casos de câncer de pele não melanoma pode ser curada com cirurgia exclusiva. Em algumas situações, sobretudo mais avançadas, radioterapia, quimioterapia, terapia-alvo ou imunoterapia podem ser recomendadas. No caso do melanoma, a cirurgia também resulta em altíssimas chances de cura se o diagnóstico é feito nas fases iniciais da doença.